quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ida ao Campus

Para ir até o Campus do Vale era um barbada, pegava o ônibus ali do lado da casa da mãe. Demorava bastante até chegar, então tinha que sair logo depois do almoço, nada fácil! O pior era dia de chuva, a alpargata molhada é de doer.
Sempre tinha um magro conhecido na parada e geralmente rolava um papo bom.
- Eai Rica, firme?
- Que nem anta gorda.
- Boa essa.
- Velha escola.
- Certo, velha escola.
Na hora que a gente pegava ônibus sempre ia junto o pessoal da PUC, os burgueses, bundinhas, filhinhos de papai da PUC. As mulheres da PUC eram muito mais gostosas que as nossas.
- Cara, olha aquela loira, que monumento, da PUC, claro.
- Sei não Rica, não gosto do estilo.
- Sei, tu gosta daquele outro estilo, o estilo feia.- Era óbvio que o cara tava brincando.
- Não, sério meu, eu gosto de mais natural, esta é muito montada.
- Verdade, não tinha reparado. Dava até pra desmontar e remontar lá em casa, ia ficar uma beleza no meu quarto.
- Pô Rica, te liga.
- Tu ta certo meu, olha que coisa ridícula. (A mulher ia subindo no ônibus e eu não tirava o olho dela, era boa demais). A bunda dela está montada muito pra cima, ridículo.
- Cara, que bus que não chega, hein? Tu reparou que já passou dois da PUC. Vou acender um cigarro.
- Aha, aí vem o ônibus meu.
- Bah, não acredito, só porque acendi o cigarro.
- Claro, aposto que não fazem isso com a galera da PUC.
- Cara, vai me desculpar mas hoje não vou desperdiçar. Deixa apagar ele aqui, vou devolver pra carteira.
E lá fomos pro Campus, atrasado e com um cheiro a cigarro apagado insuportável. Eu era um hippie, não havia dúvida, só não sabia se estava gostando.

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