quarta-feira, 3 de março de 2010

O objetivo

Eu sai correndo de sunga em direção à praia. Minha missão não era nada fácil, estava escuro e eu não tinha levado lanterna. Agucei o ouvido, talvez escutasse ao longe gemidos, risadas, um êxtase, os sons da orgia, ao menos o mar. Nada.
Peguei a trilha de areia, aquela inconfundível que sempre leva à praia. Eu alternava corridas, caminhadas e pequenos saltos de emoção, imaginava a chegada no local. Ia ser algo como um bufê livre. Poderia escolher a mulher que eu quisesse e logo em seguida outra. E elas também estariam ali escolhendo. Quem sabe não me escolhiam duas juntas, ou três? Quem sabe o pessoal está motivado?
Cheguei a praia, não havia ninguém. Não ia me desiludir: "Calma, tenho que manter a calma. O pessoal pode estar em qualquer lugar, a praia é grande e eu já estou de sunga. Vou dar uma caminhada."

Me orgulho de contar aos amigos que encontrei a orgia. Estavam entre as dunas. Era um número razoável de pessoas, talvez umas 13. Não posso dizer ao certo quantos homens e quantas mulheres, porque em geral eram pessoas com muito cabelo. Mas parecia bem dividido.
Eu fui me achegando devagar. Sempre esperei por isso, eu sei, mas eu estava meio tímido. Afinal, era um monte de gente pelada.
Não sabia se tirava a sunga logo de cara, se chegava perto de um casal transando... Nunca tinha pensando nos detalhes práticos desta coisa.
Tirei a sunga, na dúvida não enrolei no braço, segurei na mão. Cheguei perto de uma mulher e ela foi receptiva, bem receptiva. Já foi me segurando, me puxando. Eu comecei a transar com ela. O mundo era bom!
Foi então que aconteceu uma coisa estranha, uma outra mulher veio, com um cara junto. Eles começaram a transar do nosso lado, com a gente. Para todo lado que eu olhava tinha alguém transando. As pessoas chegavam sem pedir.
Me senti desconfortável. Não era uma coisa bonita de se olhar, era estranho. Eu fui me sentindo cada vez pior, até que decidi ir embora. Ninguém notou. Por sorte a sunga ainda estava na mão.

Quando voltei pra barraca o Gabi já estava lá, dando risada.

- Foi procurar a galera, Rica?
- É.
- Eai, foi boa a coisa?
- Mais ou menos. E tu, comeu alguém?
- Não, só dei uns beijos no Walter.
- No Walter, como assim, no Walter?
- Tchê, como assim o que? Beijei o Walter. Não transei com o cara, é muito guri.
- Ah tá. Foi bom?
- Mais ou menos, também.
- Pena. Sem sorte esta noite. Boa noite, Gabi.
- Boa noite.

O Gabi era gay, foi minha brilhante conclusão. Eu ia dormir com um gay na barraca e o maior sonho da minha vida tinha sido frustrado, provavelmente eu não dormiria direito.

O Gabi acabou virando um dos maiores amigos que tive na faculdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário