sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Me apresento

Eu entrei na Faculdade de Filosofia porque sempre gostei de pensar sobre as coisas. Eu pensava porque não posso atravessar as paredes se aprendi na aula de física que teoricamente poderia, porque fico mal de fazer sacanagem se Deus não existe, e porque todo mundo tem que acordar às 7:30 da manhã se era só combinar de começar a trabalhar às 10, todo mundo junto. (Eu sempre digo que meus melhores pensamentos comunistas aconteciam ao acordar para o cursinho).
No campus do vale eu conheci uma galera como eu: que não gostava de Charlie Brown Junior e gostava dos caras mais antigo. Era bacana gostar de Cartola, Chico e ser bem magrão, eu tava no paraíso e era cool.
Além do mais todo mundo compartilhava da minha teoria de acordar às 10, tanto que nossa aula era de tarde, começava às 14 horas e a galera chegava atrasada, porque logo depois do almoço é foda sair correndo. (E o pior é que é).
E então eu fui aprendendo as manhas pra ser hippie: não usar tênis, só chinelo ou alpargata (alpargata, claro), não usar cuecas, barba comprida (eu não tinha muita barba no começo da faculdade), calça larga de moletom e camisetas velhas.
No começo foi uma função, tive que fuçar no guarda roupas do meu velho pai, porque eu não tinha nada disso. Ele até me ajudou, ele sempre diz que já foi hippie. Não podia comprar nada, se não a galera ia ver que eu tava querendo ser hippie, e eu tinha que mostrar que eu já era, que era tranquilo, natural.
Acho que a princípio enganei bem, porque os caras me aceitaram e até me apelidaram de Rica. Eu achava estranho, Rica parece de mulher, mas o pessoal natureba hippie é assim, não tem muito esta coisa de definir masculino e feminino, é tudo meio junto, bem natural.
Este foi só o começo, depois foi piorando.

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