quarta-feira, 13 de abril de 2011

O começo

Todo homem com menos de 20 anos deseja comer todo mundo. Não tem mulher que escape, não tem minuto de trégua. Se o sexo feminino é igual, eu não sei. Falo pela minha classe.

No tempo que fui hippie, tentei dar vazão ao desejo. Seguindo meu instinto entrei naquela suruba; nessa mesma pilha fui parar num motel: eu, o Carlo, a Josi, a Marta e dois amigos delas - gays.

Até hoje tento entender como aterrissei naquele quarto com toda essa gente. Lembro de chegar à festa e ficar louco de faceiro quando fiquei com a Marta; lembro do Carlo, só sorrisos, quando agarrou a Josi; e nunca vou esquecer nós dois de boca aberta, no instante que as duas começaram a se agarrar.

Depois do minuto de espanto nos abraçamos de felicidade, nos cumprimentamos de alegria. Comeríamos as duas juntas - ia ser uma farra! Passada a primeira hora, ficamos desconsolados. Elas não se desgrudavam e parecia que não ia sobrar nada para nós. Nós já estávamos sentados no meio fio, tomando uma Coca-cola, quando elas nos chamaram e perguntaram para onde íamos, os quatro. O Carlo foi ligeiro:

- Deixa comigo. Sei  para onde.

Ele foi ágil: pulou na frente de um táxi e foi empurrando o pessoal. Claro que colocou as duas para o banco de trás e me jogou no da frente. O taxista estava arrancando quando a Josi abriu a porta e saiu correndo:

- Espera, esqueci dos guris, eles vão dormir lá em casa.        

Voltou com os dois. Vi o quanto a situação era delicada quando escutei um dos amigos falar:

- Aiiiiii guriaaaas. Onde vocês vão nos enfiar?

- Arranca pro Avalon, o motel da perimetral. - O Carlo já estava com tudo planejado.

Olhei para o taxista, devia estar apavorado. Ele só olhou e disse:

- Quatro passageiros é bandeira 2.

- Toca pra lá. Toca pra lá. - ouvi o Carlo gritar.

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