quarta-feira, 13 de abril de 2011

No motel

Ir de táxi para um motel pode ser estranho. Mas é pior quando se chega com um amigo, duas gurias e dois gays - todo mundo junto. Quando paramos na recepção a moça colocou a cara para fora da janelinha, olhou para dentro do carro, e fez a pergunta que estava na minha cabeça o trajeto todo:

- Quantos quartos?

Olhei pro Carlo:

- No mínimo dois, por decência.

- É por minha conta. Pede três.

Ao menos isso.

Ficamos naqueles quartos conjugados, divididos por portas. O Carlo foi rápido: pegou a Josi e desapareceu. Fiquei numa situação tensa: a Martinha não queria saber de sair de perto dos amigos. Eles estavam num enrosco tão sério que achei que ia perder minha chance. Pra não correr esse risco fui me achegando, mantendo o foco nela. Mesclei um ar de boa-praça com um ar de quem não está querendo dar de jeito nenhum. Funcionou. Levei a mulher pro outro quarto, e sozinha.

Começamos a função. A coisa não estava fácil. Eu conquistava posições com dificuldades: se ela cedia num ponto retrocedia em outro. Depois de um bom tempo o jogo estava empatado, eu de samba canção e ela de calcinha. Foi quando o bicharedo invadiu o recinto:

- Ooopa, que farra. Tá bem de corpinho, amiga.

Ela levantou. Ficou se exibindo. Pelo que os caras passavam a mão, desconfiei que não eram gays. Ela mostrava a bunda, eles metiam a mão, ela mostrava os peitos, metiam a mão, a barriga, mão. Fiquei aliviado quando ela tirou a calcinha e deram um grito:

- Aaaí, que horror. Esconde isso guria. A gente gosta mais daquele outro material.

Apontaram pra minha samba canção. Só então me dei conta: a barraca seguia armada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário