Por mais que a tia Judite fosse chata, acabou sendo uma pós-graduação para suportar eventos que reúnem mais de oito pessoas, onde cinco delas tem mais de 75 anos e três, no mínimo, pensam ter intimidade para dar palpite na nossa vida.
Nos meus 12 anos como aspirante a hippie eu passei por duas reuniões familiares que me deram segurança para encarar (rindo!) qualquer banca de pós- doutorado; na Alemanha, se fosse o caso.
Um destes testes aconteceu quando nasceu meu irmão, filho do meu pai, o Bruno. O pai ficou tão feliz que mandou convidar a mãe e a vó para a festa do batizado.
Convidei achando que era jogo ganho. Elas nunca iam querer viajar até Lavras para ver o filho do meu pai.
- Mãe, o pai vai batizar o Bruninho. Mandou convidar tu e a vó. Imagina ir até Lavras! Um absurdo!
Elas toparam. Fomos nós três e um solitário dread que eu tinha feito na semana anterior. Decidi não tirar, por convicção.
Na igreja foi tudo bem. O Bruninho me salvou: chorou três horas sem parar. O garoto é de fé, lutador da resistência.
Meu problema começou no almoço. Por uma força do destino - chamada mãe - eu sentei entre as minhas duas avós. Uma de cada lado. Eu no meio.
Naquela hora rezei, apesar de não ser religioso. Agarrei-me na primeira estrofe do Pai Nosso, que é a única que sei. Quando sentei à mesa repetia uma a cada colherada. Depois, quando as duas começaram a conversar, olhando por cima de mim, uma a cada mordida. Quando começaram a falar do meu cabelo larguei os talheres, engoli a comida e rezei como nunca.
Não adiantou. Quem reparou primeiro foi minha avó materna, a vó Flora:
- Meu neto! O que é isso aqui?! Olha Lurdes Maria, esse emaranhado de cabelo!
- Meu Deus, Maria e José! Meu senhor Jesus Cristo! Tem um bicho no teu cabelo!
Voltei a ser criança. Olhei para a mãe pedindo socorro. A vó Flora foi mais rápida:
- Minha filha. O que é isto na cabeça do Ricardo??
- Não sei, mãe. Pergunta para ele.
Golpe baixo. Fiquei só com a verdade à mão:
- Vó Flora , Vó Lurdes: isto é um dread! Um enfeite no cabelo!
- Isto é para bonito? Então tem alguma coisa de errado no teu! Não está funcionando!
As duas caíram na risada. Esqueceram a comida e passaram o resto da tarde fuçando na minha juba.
Nos meus 12 anos como aspirante a hippie eu passei por duas reuniões familiares que me deram segurança para encarar (rindo!) qualquer banca de pós- doutorado; na Alemanha, se fosse o caso.
Um destes testes aconteceu quando nasceu meu irmão, filho do meu pai, o Bruno. O pai ficou tão feliz que mandou convidar a mãe e a vó para a festa do batizado.
Convidei achando que era jogo ganho. Elas nunca iam querer viajar até Lavras para ver o filho do meu pai.
- Mãe, o pai vai batizar o Bruninho. Mandou convidar tu e a vó. Imagina ir até Lavras! Um absurdo!
Elas toparam. Fomos nós três e um solitário dread que eu tinha feito na semana anterior. Decidi não tirar, por convicção.
Na igreja foi tudo bem. O Bruninho me salvou: chorou três horas sem parar. O garoto é de fé, lutador da resistência.
Meu problema começou no almoço. Por uma força do destino - chamada mãe - eu sentei entre as minhas duas avós. Uma de cada lado. Eu no meio.
Naquela hora rezei, apesar de não ser religioso. Agarrei-me na primeira estrofe do Pai Nosso, que é a única que sei. Quando sentei à mesa repetia uma a cada colherada. Depois, quando as duas começaram a conversar, olhando por cima de mim, uma a cada mordida. Quando começaram a falar do meu cabelo larguei os talheres, engoli a comida e rezei como nunca.
Não adiantou. Quem reparou primeiro foi minha avó materna, a vó Flora:
- Meu neto! O que é isso aqui?! Olha Lurdes Maria, esse emaranhado de cabelo!
- Meu Deus, Maria e José! Meu senhor Jesus Cristo! Tem um bicho no teu cabelo!
Voltei a ser criança. Olhei para a mãe pedindo socorro. A vó Flora foi mais rápida:
- Minha filha. O que é isto na cabeça do Ricardo??
- Não sei, mãe. Pergunta para ele.
Golpe baixo. Fiquei só com a verdade à mão:
- Vó Flora , Vó Lurdes: isto é um dread! Um enfeite no cabelo!
- Isto é para bonito? Então tem alguma coisa de errado no teu! Não está funcionando!
As duas caíram na risada. Esqueceram a comida e passaram o resto da tarde fuçando na minha juba.
Excelente...ainda estou rindo...escreve algo novo, vai...que estou evoluindo pra trás, atrás de novidades antigas tuas. Gostei tanto do teu material que não começo a trabalhar sem antes ler você...arranjei uma desculpa boa: você.
ResponderExcluirParabéns e sucesso. Abraço.Adriana C.