quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Política

Sempre odiei política. Nunca entendi aquelas pessoas com cara de espantalho segurando bandeira de partido. Porque eu votaria em um candidato que paga alguém para segurar uma bandeira?

Lá na faculdade o pessoal não pensava assim, todo mundo era engajado. Hippie do século 20 tem que entender de política e ser de esquerda. Tinha passeata, bandeirada, grito de guerra e até apito. A coisa era dividida entre a turma do PSTU, bem radical, sempre na gritaria e com barba de dar inveja em profeta e a galera do PT, que era mais suave: alguns com a barba bem afeitada, gurias interessantes e ainda por cima depiladas (um luxo).

No meio desta confusão sempre achei que guerreiro mesmo era eu, que travava uma batalha diária lá em casa, no corpo a corpo. Não é fácil passar 8 anos na faculdade ou sustentar esta barba cheia de falhas. Mas eu sei que é assim que se mostra para o mercado de trabalho que ele não manda na gente e que não somos escravos da moda.. Fazer a barba todo o dia é alienação.

Mas na faculdade não tinha papo. Ou ia bater panela ou ia ter que admitir que nas últimas eleições eu tinha votado no PSDB. Na sigla. Coisa do meu pai que me convenceu com um argumento razoável:

-Guri, ou tu vota no PSDB ou não te largo aquela grana no final do ano.

Achei justo. Votei.

Mas depois de dois anos na filosofia eu estava decidido a fazer parte da construção de um novo país. Não podia ser tão ruim: caminhadinha no centro, conversar com os amigos e jogar um charme de rebelde para as gurias.

Nesta época o Barba me convidou para ir a uma passeata grande (o Barba era PT, um dos radicais, meio passo à esquerda e virava PSTU):

- Rica, tem até candidato a presidente. Tu vai na linha de frente comigo. Emoção na certa!

Topei

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